Tributo de JFC


Biografia

ALVARO Augusto MARTINS dos Santos
Padrão da Légua, 27.05.1918 / Padrão da Légua, 08.11.2003

Mais conhecido por Alvaro Martins, foi intérprete de Guitarra Portuguesa, compositor para além de acompanhador de fados.

O seu nome é desconhecido para a maioria das pessoas devido ao facto de ter feito grande parte da sua carreira no Porto.

Até a sua morte, em novembro de 2003, Alvaro Martins acompanhou os grandes nomes do fado da sua época e deixou mais de 100 trabalhos editados.

Filho de Joaquim Martins dos Santos, barbeiro, e de Alzira Rosa Martins, foi na barbearia do seu pai, onde atualmente está localizado o estabelecimento “O Caderno”, que Alvaro Martins começou a tocar aos 5 anos de idade.

Nessa época, nas barbearias era frequente haver uma guitarra portuguesa e uma viola para os clientes e/ou os barbeiros tocarem.

Entretanto, Alvaro Martins começou a tocar em outros estabelecimentos e acompanhar João Gago, tio de 2º grau de Angelo Jorge, um dos violas que o mais acompanhou.

Aos 12 anos de idade, Álvaro Martins tocou pela primeira na vez na antiga Emissora Nacional.

Nos anos 50, José Maria Nóbrega, atualmente um dos grandes violas de Fado, estabeleceu-se no Padrão da Légua como alfaiate. Nesta zona do concelho Matosinhos conheceu Álvaro Martins, que o lançou no Fado.

No final desta década, em 1959, a sua música “Noite” foi incluída no disco "Amália Rodrigues e acompanhou Fernando Farinha no Coliseu do Porto no dia 25 de Outubro.

Em 1965, Alvaro Martins conheceu o poeta Torre da Guia no restaurante típico *A Candeia*.

Torre da Guia como poeta e Alvaro Martins como compositor tornaram-se na dupla criadora de grandes Fados como "Pão de Gestos", que se tornou um sucesso popular nos anos 80 do século passado na voz de Beatriz da Conceição e Rodrigo, ou "Olhai a Noite", que é cantado por centenas de fadistas (por exemplo, Tony de Matos, Fernando Maurício, Fernando Gomes, Fernando João, António Calvário, etc.).

Durante a sua carreira, Alvaro Martins fez muitas digressões nas comunidades de emigrantes portugueses e não só como acompanhador de Fados mas também como solista.
Estados Unidos da América, Brasil, França ou Moçambique são alguns dos países.

Entre os muitos violas de Fado, que formaram dupla com Alvaro Martins, destacam-se José Maria Nóbrega, José Maria de Carvalho, Mário Lopes, Manuel Carvalho e Angelo Jorge.

E entre os fadistas, que foram acompanhados por si destacam-se Amália Rodrigues, Fernando Farinha, Fernando Maurício, Tristão da Silva, entre outros grandes fadistas.

Alvaro Martins faleceu a 8 de novembro de 2003 com 85 anos de idade no Padrão da Légua, a sua terra natal.

Com o passar do tempo, a sua obra, que é composta por mais de 100 trabalhos editados, ganha cada vez mais importância. Atualmente, é alcunhado como Mestre.

A 10 de Janeiro de 2015, numa iniciativa do fadista-letrista José Fernandes Castro, a Junta de Freguesia de Campanhã realizou um fórum em sua homenagem. Pelo fórum, passaram mais de uma dezena de vozes que relembraram os sucessos do mestre.

Em 2015, André Almeida Rodrigues, familiar de Álvaro Martins, produziu e realizou "O Barbeiro Guitarrista" , um pequeno documentário sobre este artista, no âmbito do Mestrado Som e Imagem da Universidade Católica Portuguesa.

Este filme que conta com os depoimentos de Angelo Jorge (viola de fado), Armindo Alvaro (filho de Alvaro Martins), Fernando João (fadista), Humberto Teixeira (empresário de fado), Rodrigo (fadista) e Torre da Guia (poeta e letrista), venceu o Prémio Latino Melhor Curta-Metragem (Marbella, 2016),  foi nomeado ao Sophia Estudante (2ª Edição) na categoria de documentário e foi também selecionado para festivais de cinema de diversos países.

VIVERÁ ETERNAMENTE NA ALMA DO FADO